"Vou-me à imensidão com minhas asas azuis buscar pelos versos ocultos"

 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Canta o Vento

 


Canta o vento na beira do rio

Feito reza que embala o vazio

Minhas mãos se enchem de tempo

Minhas dores, de esquecimento

 

Mar de dentro, me leva pra casa

Onde a saudade acende a brasa

No teu colo eu sou passarinho

Feito um sopro no teu caminho

 

No meu peito cabem as marés

Teus silêncios, teus pés, tua fé

Vem, me ensina a linguagem das águas

A dizer sem palavras, sem mágoas

 

 

Sou do barro, do cheiro da chuva

Do cantar das mulheres que curam

Sou da terra que dança e que chama

Teu amor é meu canto, é minha cama

 

 

Mar de dentro, me leva pra casa

Onde a saudade acende a brasa

No teu colo eu sou passarinho

Feito um sopro no teu caminho

 

 

E se um dia eu for embora

Levo a lua bordada na memória

Tua voz vai comigo, acalanto




AnnaLuciaGadelha









domingo, 21 de setembro de 2025

 "A arte nunca deve tentar ser popular. O público é que deve tentar ser artístico." Esta citação de Oscar Wilde ressoa profundamente em mim, evocando uma reflexão intensa sobre a relação entre arte e sociedade. Em um mundo onde a cultura de massa frequentemente dita as normas, é essencial lembrar que a verdadeira arte não se curva às demandas do gosto popular; ela transcende o ordinário e desafia o observador a uma compreensão mais profunda e significativa.


A arte autêntica é um reflexo da alma do artista, uma manifestação de sua visão única e, muitas vezes, incompreendida do mundo. Pensemos em Vincent van Gogh, cuja obra só foi plenamente apreciada após sua morte. Van Gogh não pintava para agradar ou para ganhar popularidade; ele pintava para expressar sua visão singular da realidade. Suas telas, carregadas de emoção e intensidade, são um testemunho da profundidade da experiência humana, algo que não pode ser capturado por um desejo superficial de aceitação.


Na literatura, encontramos exemplos abundantes de obras que não buscavam a popularidade, mas a verdade. James Joyce, em "Ulisses", criou um texto denso e complexo, repleto de referências mitológicas, literárias e históricas. "Ulisses" não foi escrito para ser popular; foi escrito para desafiar o leitor a confrontar a própria natureza da experiência humana. Joyce, como Van Gogh, não buscava a aprovação das massas, mas a criação de uma obra de arte que ressoasse com a verdade mais profunda da existência.


Friedrich Nietzsche, em "O Nascimento da Tragédia", nos oferece uma perspectiva filosófica valiosa. Ele argumenta que a verdadeira arte surge da tensão entre os impulsos apolíneos e dionisíacos. O apolíneo representa a ordem, a beleza e a racionalidade, enquanto o dionisíaco encarna o caos, a emoção e a irracionalidade. A arte autêntica, segundo Nietzsche, é aquela que consegue equilibrar esses dois aspectos, criando uma obra que ressoa profundamente com a complexidade da condição humana.


A ideia de que o público deve tentar ser artístico é, portanto, uma chamada à elevação. Significa cultivar uma sensibilidade estética, uma abertura para a complexidade e uma disposição para o esforço intelectual. Significa ler os grandes clássicos da literatura, contemplar as obras-primas da pintura e escutar a música que desafia e eleva. É reconhecer que a verdadeira arte não é uma mercadoria a ser consumida passivamente, mas uma experiência transformadora que exige uma participação ativa.


Em um mundo cada vez mais dominado pela cultura de massa e pelo consumo rápido, essa tarefa pode parecer hercúlea. No entanto, é precisamente essa busca pela verdadeira compreensão da arte que nos permite crescer como indivíduos e como sociedade. A arte nos desafia a ver o mundo de novas maneiras, a questionar nossas premissas e a expandir nossos horizontes. E, ao fazer isso, ela nos oferece um vislumbre do que significa ser verdadeiramente humano.


Portanto, quando Oscar Wilde dizia que a arte nunca deve tentar ser popular, estava defendendo a pureza e a integridade da criação artística. E quando afirmava que o público é que deve tentar ser artístico, estava convocando cada um de nós a elevar nosso espírito, a buscar a beleza e a profundidade onde quer que as encontremos, e a celebrar a arte não por sua popularidade, mas por sua capacidade de nos transformar. Então, devemos   todos nos esforçar para ser mais artísticos, para buscar a verdadeira essência da arte, e para celebrar a sua capacidade de nos conectar com o que há de mais profundo e verdadeiro em nós mesmos.


Oliver Harden

quinta-feira, 18 de setembro de 2025






 Entre nós tudo era maravilhoso

Amanhecer, entardecer e anoitecer

O dia inteiro se tornava venturoso

Não quero jamais te esquecer

Relembrar nossos momentos

É ser feliz novamente

Sonhar contigo é ver o céu reluzente

Nosso amor nos ensinou a voar

Éramos livres como a passarada

Teu corpo era minha morada

Como esquecer o Sol da minha vida?

Relembrar me faz viver,

Pranteio quando relembro da despedida

Tu foste toda minha felicidade

Amar-te-ei até o fim dos meus dias

Sonhos que aquecem minhas noites frias

 

 

 

AnnaLuciaGadelha

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Desnuda




 Eu sou aquela mulher que vive solitária

Não sei qual meu rumo e nem destino
A vida se tornou minha grande adversária
Como posso achar esse mundo divino?

Minh’alma padece na infeliz escuridão
Eu espero a triste morte com ansiedade
Machuca-me esse universo de desilusão
Assim transcorre minha sina de maldade

Que dó! Sempre fui uma mulher invisível
Percorri longos caminhos com apatia
Meu pobre coração sentia assaz agonia

Sou aquela que se acostumou com a dor
Procurou uma migalha de amor e não achou
Sinto grande piedade do que de mim restou

AnnaLuciaGadelha 



(Poema inspirado no soneto “Eu”, de Florbela Espanca)

sábado, 13 de setembro de 2025


 

 


Canta o vento na beira do rio

Feito reza que embala o vazio

Minhas mãos se enchem de tempo

Minhas dores, de esquecimento

 

Mar de dentro, me leva pra casa

Onde a saudade acende a brasa

No teu colo eu sou passarinho

Feito um sopro no teu caminho

 

No meu peito cabem as marés

Teus silêncios, teus pés, tua fé

Vem, me ensina a linguagem das águas

A dizer sem palavras, sem mágoas

 

 

Sou do barro, do cheiro da chuva

Do cantar das mulheres que curam

Sou da terra que dança e que chama

Teu amor é meu canto, é minha cama

 

 

Mar de dentro, me leva pra casa

Onde a saudade acende a brasa

No teu colo eu sou passarinho

Feito um sopro no teu caminho

 

 

E se um dia eu for embora

Levo a lua bordada na memória

Tua voz vai comigo, acalanto




AnnaLuciaGadelha

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Meu cais, meu mar

 


Nas manhãs em que o mundo pesa mais

Eu me lembro que tudo um dia vai

A tristeza vem só pra avisar

Que a alegria ainda vai voltar

 

 

O café esfria, mas eu não ligo

O tempo corre, mas eu sigo contigo

No silêncio que há no teu olhar

Tem um universo pronto pra voar

 

 

E eu vou...

Mesmo sem saber pra onde vou

Se for com você, qualquer lugar é lar

Entre o céu e o chão, vou descansar

Num abraço teu, meu cais, meu mar

 

Já andei por becos sem saída

Já cansei de duvidar da vida

Mas teu sorriso me ensinou

Que amor é vento: vem, leva e soprou

 

 

E eu vou...

Mesmo sem saber pra onde vou

Se for com você, qualquer lugar é lar

Entre o céu e o chão, vou descansar

Num abraço teu, meu cais, meu mar



AnnaLúciaGadelha

 

 

O CAMINHANTE

 Quando caminhamos pela calçada que contorna a Praça da

Independência, parece que se vive em um mundo diferente do nosso, menos

hostil e mais harmônico, conduzindo nossos pensamentos para as coisas boas

e aprazíveis da vida.

Durante o trajeto, vemos as árvores mais de perto, mais convidativas e

atraentes, como se fossem pessoas próximas da gente. O ar que respiramos se

nos apresenta menos poluído e mais agradável. Como não aceitar o convite à

caminhada, tão benéfica à saúde?





                                                                                                                   



                                                                          

Quando caminhamos os pensamentos também acompanham os nossos

passos, estes exercitando o corpo, àqueles exercitando a mente e ambos

exercitando o espírito.

Quando caminhamos sentimos o aroma das plantas, o cheiro da terra

empoeirada, e o perfume das pessoas que passam, sentimos a brisa que nos

afaga, e o nosso próprio ser pulsante que diz que há vida, sim, ao nosso redor.

O caminhante também observa os carros que passam, as motos que se

contorcem e riscam o asfalto, a bicicleta que procura o meio-fio das calçadas, a

carroça que atrapalha o trânsito, alertando-nos que essas coisas também fazem

parte do cotidiano de todos nós.

Essas observações que vemos durante a nossa caminhada nos fazem

refletir da necessidade que temos de praticar atividade física regularmente, a fim

de amenizar o estresse da vida moderna e dos efeitos maléficos da poluição

tóxica e sonora que estamos submetidos diariamente.

Por isso, abraçado às suas abstrações, vai o caminhante cumprindo o seu

trajeto, alheio aos ruídos dos veículos, mas atento sempre a tudo o que ocorre à

sua volta, sem desperdiçar nenhum detalhe, pois é do cotidiano que alimenta

suas reflexões.

Além disso, mesmo passeando os olhos para um lado e outro, é do alto

dos seus pensamentos que o caminhante tudo observa...e pensa.



Por Washington Luiz do Nascimento


domingo, 7 de setembro de 2025

 





Carrego no peito um mundo inteiro,

feito de ventos, lembranças e mar.

Não escrevo só com tinta e papel 

escrevo com o que me faz respirar.

 

Vejo o invisível nas coisas pequenas,

ouço o que o tempo tenta calar.

Sou feita de fogo, flor e abismo,

sou verbo livre, pronta a voar.

 

Minha palavra é reza e ferida,

é ponte entre sombra e clarão.

Não peço licença ao silêncio:

faço dele minha canção.

 

Poeta não nasce,desperta.

Num instante em que tudo arde.

É quando a alma se vê inteira

e decide virar arte.




AnnaLuciaGadelha




A vocês, que transformam sentimentos em palavras e fazem da poesia um modo de existir, deixo minha admiração mais sincera.

Cada verso que vocês escrevem carrega beleza, coragem e verdade. Obrigada por tornarem o mundo mais sensível e por compartilharem suas almas com tanta generosidade.

 

É uma honra caminhar ao lado de vocês,almas, feitas de palavra e luz.










 


sábado, 6 de setembro de 2025

Na esquina da minha alma





Na esquina da minha alma

Passa um vento de solidão

Leva contigo a calma

De quem perdeu o coração

 

A rua tem luz antiga

E a sombra que nela mora

É tua lembrança que abriga

A dor que ainda me devora

 

 Ai, fado, canta baixinho

Pra não acordar meu pranto

Que o amor partiu sozinho

E me deixou sem encanto

 

 Choram guitarras na noite

Como quem reza um adeus

Teus olhos, que foram açoite

Hoje são tristes como os meus

 

Guardei teu beijo na palma

Como quem guarda um segredo

Mas a saudade tem alma

E me queima como o medo

 

Ai, fado, canta baixinho

Pra não acordar meu pranto

Que o amor partiu sozinho

E me deixou sem encanto



AnnaLuciaGadelha









É com grande alegria que convido vocês a conhecerem esse canal, o espaço onde compartilho minhas composições e paixões musicais. Cada faixa é criada com dedicação e emoção, e espero que elas toquem vocês de alguma forma. Sintam-se à vontade para ouvir, comentar e fazer parte dessa jornada sonora comigo e meu parceiro Aldrin. A música vive de encontros e será um prazer ter vocês por lá!


sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Fogo em Pele de Seda

 


Deslizo em lençóis de desejo ardente,
Minhas mãos, como brisa, tocam lentamente.
Na dança do olhar, sou chama que incendeia,
Mistério e prazer em forma de sereia.

O tempo se curva ao meu doce querer,
Meu corpo é convite, é arte de seduzer.
Sussurros percorrem o quarto calado,
Meu cheiro é promessa, teu sonho acordado.

Meus lábios são vinho, rubis tentadores,
Palavras são beijos, em versos e cores.
Te enlaço em poesia, em pele, em suor,
Em cada estrofe, sou mais do que amor.

Sou fêmea, sou vento, sou lua e maré,
Sou noite que chama, que prende e que é.
No jogo da pele, sou voz que te guia,
Mulher em essência, prazer em poesia



AnnaLuciaGadelha




Estive ausente por motivos que a vida, por vezes, nos impõe em silêncio. Peço que me perdoem pela distância. Aos poucos, com carinho e presença, irei me refazer em visitas e afetos. Gratidão pela compreensão e por permanecerem.