A Terra se ergue, silêncio e raiz,
No ventre escuro onde a semente é paz.
É o solo firme, a força que não finda,
O corpo de Deus na forma que é tão linda.
Em cada grão, em cada
ser que brota,
Sinto a paciência da verdade remota,
Que nos sustenta, berço e sepultura,
A promessa eterna da
Vida pura.
A Água flui, um espelho cristalino
,No sussurro leve de um segredo divino.
É o rio que corre e nunca tem regresso,
A lágrima, o orvalho, a fluidez do excesso
Que lava a alma, purifica o ser.
No imenso Mar, o tempo a dissolver,
Sinto a vastidão, a
graça em movimento
, O sopro d'Aquele que é puro sentimento.
O Ar invisível, respiração do mundo,
O hálito sagrado, mistério profundo.
É o vento que sopra em cada pensamento,
O espaço aberto, leve, o firmamento.
Em cada inspiração, a comunhão se faz,
A ponte sutil que nos
traz mais e mais
Perto do Alto, do nome que não se diz,
A liberdade que o Espírito bendiz.
O Fogo que queima, a chama que se eleva,
A paixão da vida que a existência tece.
É Sol que nutre, a luz que não se esgota,
A fornalha interna, a
mais intensa nota
Que transforma o medo em calor e coragem.
No brilho da estrela, na ardente paisagem,
Sinto a energia, a força criadora,
O olhar divino que em tudo nos mora.
Terra, Água, Ar e Fogo, os quatro sagrados,
Em nós ressoam, em nossos próprios estados.
Somos a argila que a chuva amoleceu,
O sopro de vida que o Céu nos concedeu.
Ao contemplar a flor, o mar, a montanha,
A alma desperta, o véu se desentranha,
Pois no espetáculo da
natureza em festa,
O Divino nos fala, e a vida é a resposta.
AnnaLuciaGadelha